Salve! (Ou dê trinta e três facadinhas)
Sem heróis ou vilões. Todos maus e um falecido, quanto mais não o seja, bom. Ténues valores para o bem comum e a ambição velhaca tomada para um, quando afinal veste a todos.
Tratemos da Tragédia de Júlio César, em cena no S.Luiz até dia 22 de Abril, pelos míseros cinco euros, em idade inferior a trinta, mais proveitosos dos últimos tempos.
As massas voláteis de uma Roma megalómana, por um lado. A a defesa de uma suposta cidadania e os lugares de confiança política pelo outro. Adiciona-se um Marco António malandro, pela pele do Nuno Lopes, à mistura com mais umas quantas lúcidas vozes e tudo isto se desvanece pela estupidez, inevitável que é, das armas.
Levada à cena pelo Teatro da Cornucópia e encenada por Luís Miguel Cintra, o homem que é genial, esta é uma peça da autoria de um amiguinho do século XvII, o tal do Shakespeare. Depois de um Mac Beth com um João Lagarto esmorecido, no Trindade, confesso que esta abordagem conceptual foi uma perfeita surpresa. E para aqueles que acham três horas e tal de Shakespeare uma canção de embalar, ide-vos deste santo lugarejo embora e vejam lá mais um musical do La Féria, seus infames!